Os dois últimos anos foram psicologicamente brutais com a chegada da Pandemia e outras situações que se deram.
Pessoalmente, sofri com a rescisão dos clientes que sofreram com a parada dos eventos; a empresa e eu passamos por problemas financeiros; fizemos a transição para um modelo de negócios que era, e ainda é, altamente incerto; a possibilidade de fechamento da empresa foi real e, por fim; lidei com muitos problemas pessoais familiares e na vida de pessoas próximas, tais como mortes, depressão, câncer e separações.
No contexto externo, fui obrigado à ficar mais tempo perante as telas, dado que o isolamento social obrigou-nos a trabalhar e nos entreter diante de nossos celulares, computadores e televisões. Na infância, esse uso em excesso já tinha me causado problemas nos olhos.
Acredito, com tudo isso, que os problemas nos olhos que voltei a ter em junho de 2020 têm relação com os aspectos físicos e psicológicos do contexto descrito. Mas, por que tudo isso se sintetizou no olho?
A vida nos envia mensagens das mais variadas formas. Se há uma mensagem clara para mim, diante dos acontecimentos, é de que não é o meu olho físico que vai me dar a visão necessária, a que preciso alcançar.
No período exatamente anterior ao início do problema eu tinha chegado à uma conclusão que hoje considero incorreta: em busca de entregar mais valor e ser mais útil para os meus iguais, eu deveria absorver todo o conhecimento técnico possível, chegando mais rápido à “borda do conhecimento”. Não era esse o caminho.
Mais recentemente, depois de 18 meses lidando com o problema, estudei afundo na filosofia, religião e ciência coisas relacionadas ao assunto, visto que os médicos não têm uma cura para o que chamam de “fotofobia” ou mesmo “síndrome dos olhos secos”.
Concluí que, além dos aspectos físicos do excesso de exposição à luz, a condição se deu também pelos aspectos psicológicos. Há estudos que detectam a síndrome em pessoas que passaram por estresses traumáticos, ansiedade e depressão.
Por último, também acredito na relação com aspectos espirituais, ligados à minha evolução. “Seus olhos doem porque você nunca os tinha usado”, é o que dizem a Neo em Matrix e também é o que acontece com o homem fugitivo da Caverna de Platão.
Eu fui egocêntrico. Vi apenas os meus interesses projetados nas coisas e não as coisas em si. Devo deixar de sê-lo.
E, se agora estou mais perto da realidade e ao enxergá-la meus olhos doem, devo acostumar-me com a claridade e investigá-la cada vez mais, evoluir com a realidade e não voltar ao confortável mundo de ilusões. Afinal, precisamos ver o mundo como realmente é para nos juntarmos à sua grande transformação e evolução.
Por último, dado que sempre haverá informação infinita para ser consumida, seja com os olhos terrenos, seja com o olho espiritual, devo simplificar mais as coisas e pensar com mais objetividade: ter mais foco para ser mais eficiente e implementar as mudanças necessárias para o cumprimento da missão.