Obs.: Hoje pela manhã tive um insight que quero compartilhar. É sobre glóbulos brancos, anticorpos e libertarianismo. Aceito críticas, afinal a vida é um rascunho.
Nos últimos dias observamos nos EUA, dezenas de manifestações que surgiram após o assassinato de George Floyd. Creio que as manifestações subsequentes tenham sido espontâneas pois eclodiram em 21 cidades americanas em menos de 24 horas. O vídeo que se espalhou, por si só, é bem impactante e parece clamar por algum tipo de reação.
Sobre políticas para grupos e políticas globais
Pessoalmente, não sou defensor de políticas ou leis que visam beneficiar minorias que são definidas em razão de atributos que, em tese, são o próprio motivo da sua luta social. Eu explico.
Exemplo: No ensino superior, não me atrai a implementação de cotas raciais, pois classificar pessoas por raça é o próprio motivo do racismo.
Gosto de visões mais globais, que enxergam o indivíduo como tal, um cidadão, ser humano, um igual. Seguindo esse raciocínio, aprovo políticas que usem atributos abrangentes à *todos* os membros de uma comunidade.
Exemplo: Gosto da implementação de cotas em razão do salário da família, visto que a renda familiar é algo externo aos próprios indivíduos e não segregacionista. Se calhar da maioria dos negros serem pobres, a comunidade estaria os ajudando da mesma forma, sem ter de institucionalizar qualquer classificação arbitrária de raça.
Mas não nos atenhamos aos exemplos, apenas ilustrativos.
Me identifico bastante com o pensamento libertário principalmente no sentido da “primazia do julgamento individual” e do Princípio da Não-Agressão. Tenho observado, por outro lado, que “praticantes” libertários parecem discordar da ideia de grupos mesmo quando em retaliação à agressores. Se esse for realmente o caso, discordo deles neste ponto.
Ao meu ver, não devemos pensar em políticas *construtoras* visando grupos, pois a sociedade ideal deve conter respeito mútuo independente dos “atributos” pelos quais um indivíduo se caracteriza. Porém, quando em retaliação à violadores do pacto social aceito em dada comunidade, creio que a formação de um grupo que emprega força contrária aos transgressores não só deve ser aprovada como se faz necessária.
Levando isso em consideração, pensei estar sendo incoerente. Mas tive um insight.
Glóbulos brancos, poder e auto-imunidade
Segundo a Wikipedia, os leucócitos, também conhecidos como glóbulos brancos, compreendem um grupo de células que se apresenta numa grande variedade de formas, tamanhos, número e funções específicas. E, antes de agir, são apenas indivíduos.
Porém, na presença de microorganismos estranhos ao organismo, eles produzem anticorpos para combater os “invasores” e eliminá-los. Em conjunto exercem sua força como Sistema Imunológico, a grande barreira de proteção do organismo. Depois de a “campanha” terminada, voltam ao estado inicial de indivíduos em contínua vigilância pelo sistema circulatório.
Esse insight me fez chegar à conclusão de que nem sempre teremos força, como indivíduos isolados, de combater um agressor. Então, a ideia de indivíduos se unindo para a criação de poder, em conjunto, tendo como objetivo a defesa dos princípios da comunidade se faz necessária.
Um ponto destacável é que, terminada a campanha, essa força deve se desfazer para que ela própria não se torne um novo agressor do sistema (ou, abusando da metáfora, uma doença auto-imune).
Entre outros, algumas características persistentes em seres humanos são a ganância e a tendência a não abrir mão de poder conquistado, mesmo que o tenha feito por méritos.
Não fosse por isso, se pudéssemos ser melhores em analisar as doenças de nossas comunidades e criar estratégias para tratá-las à partir de projetos de força-conjunta que se desfizessem assim que os objetivos fossem apcançados, creio que o sistema social seria bem mais eficiente como um todo e, portanto, para cada uma de suas partes.