Rascunho do Tai

As três peneiras.

E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?
A Bíblia Sagrada, Mateus 7:3

Teria Augustos procurado Sócrates e lhe disse:
– Sócrates, preciso lhe contar algo sobre Fulano! Você não imagina o que me contaram a respeito de…” Mas nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e indagou:
– Espere um pouco, Augustus. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
– Peneiras, Sócrates? Que peneiras?
– Sim. A primeira, Augustus, é a da VERDADE. Você tem certeza que o que vai me contar é absolutamente verdade? Verdade verdadeira? True story?
– Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram!
– Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: a BONDADE. Isso que vai me contar, você gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?
– Não, Sócrates! Absolutamente, não!
– Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a NECESSIDADE. Seria mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém?
– Não, Sócrates… Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar.
E Sócrates, sorrindo, concluiu:
– Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser o ponto terminal de qualquer comentário infeliz!

Sócrates