Rascunho do Tai

Campainha.

Bruce estava prestes a comemorar seu aniversário e, recentemente, tinha tido uma profunda conversa com Sean, um daqueles amigos do peito.

“Acredite mais em você, no que você pensa, no que você sente”, tinha dito ele, “as pessoas que realmente mudaram as coisas também não se encaixavam, não se contentavam, mas elas acreditavam no caminho que deviam percorrer”.Bruce ruminara aquelas palavras por dias. Elas faziam sentido.Em poucas horas, mais um dia do seu nome chegaria e na espera sem saber bem pelo quê, assistia à um episódio que lhe chamava muito a atenção.

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“26 is still very young”
“26 ainda é muito jovem”

Bruce exigia muito de si mesmo. Cria que todo o tempo e esforço dedicados hoje eram uma obrigação para com aqueles que ele se tornaria capaz de ajudar amanhã. “E você não vai parar”, tinha dito o amigo. Bruce também não sentia que iria.

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“Everything to you is an opportunity and you should be thanking”
“Tudo para você é uma oportunidade e você deveria estar agradecendo”

Admirava os praticantes da verdade crua, sabe? Transparência. Ele era daqueles super-verdadeiros e, também por isso, realmente entendido por poucos. Poucos e bons, é bem verdade.

Muito bons, aliás. Conexões fortes que transcendiam o esperado. “Eu acredito em você”, dissera o amigo, “e sei que você acredita em mim. Você é alguém com quem eu nunca seria falso”. Bruce partilhava esse sentimento recíproco com as pessoas que realmente importavam.

Enquanto pensava nelas, a atenção voltou-se ao filme.

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“I have to make a phone call and I know it’s going to be bad”
“Eu tenho que fazer uma ligação e sei que será ruim”

A cena fez Bruce pensar. Honra, gratidão. Essas foram as palavras que surgiram na sua frente. Tal como no filme, ele tinha dias ruins. Muitos deles. Mas continuava grato não importasse o quê pois, ao seu redor, sentia pessoas grandiosas. Elas o encorajavam a seguir sua jornada apenas pelo simples fato de existirem.

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“The only person in the world who really know me”
“A única pessoa do mundo que me conhece”

Queria o mundo que queria e queria agora. Por vezes isso o angustiava, mas estava feliz. A linha entre o que queria ser e o que era se tornara quase imperceptível. Estava com aqueles que admirava e se sentia grato por isso.

Desviou o olhar para o relógio: dava tempo de acabar.

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** wordless **
** quando não há palavras **

Lealdade é algo que não se compra, não se convence a ter, apenas existe. Sentiu-se revigorado com o episódio. “Felicidade contém dor, é verbo e exige treino” pensou, momentos antes de a campainha tocar.

Então, não estava mais sozinho.