Rascunho do Tai

Cascas.

Estou muito triste neste momento, não sei porque, vem de dentro. A semana foi bem difícil. Sei que tudo é aprendizado, não tenho do que reclamar – sem dor, sem ganho. Mas, antes de gerar ganho a dor dói. Digo para mim mesmo que estou me tornando mais cascudo, mais preparado para lidar com essas situações. Acho que é isso mesmo.


Uma coisa que percebi há algum tempo, não tenho certeza se trata-se de uma verdade. É uma guerra aqui embaixo, sabe? É algo meio tribal com uma capa de “Ursinhos Carinhosos”. É cada um por si. Você vê em cada relato, na forma como as pessoas descrevem a vida e as relações delas com outros. São relações muito frágeis, muito orientadas à valores não duradouros. É meio dark.


Eu não sabia que as coisas eram assim. Eu acredito – e tento praticar – aquela ideia de dar e receber, compartilhar e cooperar, de tratar ao outro como trata à si mesmo. Mas esse não é o padrão. E, para quem está acostumado com o padrão, lidar com outras pessoas “padronizadas” é muito natural, um chumbo trocado meio que esperado.


Eu fico meio surpreso com a naturalidade com a qual as pessoas lidam com essas situações. Por ter uma forma de agir um pouco diferente, as atitudes me parecem estranhas e até falsas. Mas, ao questioná-las e ouvir suas respostas percebi que trata-se de uma maneira antifrágil de lidar com desapontamentos e felicidades. De certa forma isso é bom. Vive-se sabendo que o ambiente externo – qualquer que seja ele – é perigoso e que você precisa estar pronto para se defender. No pior cenário, você se sente permitido a atacar antes do outro, no melhor estilo “entre eu e você, prefiro eu”.


Penso que as cascas que estão se formando ao meu redor são proteções para estes casos. Para que, de alguma forma, eu possa caminhar nesse ambiente caótico sem me ferir tanto. O lado bom é que vejo minha essência permanecendo a mesma, apesar do ambiente. É ruim que, até então, tenha encontrado poucas pessoas com essa mesma essência. Mas elas existem.
Com algumas delas a troca é imediata, as coisas fluem e você se conecta. Outras têm a mesma essência, mas não estão no mesmo momento que você – ou vice-versa, e aí a comunicação não flui, as peças não se encaixam e a coisa não acontece. Esses momentos são bem frustrantes. Antes de gerar crescimento, a dor gera dor.


A principal ferramenta, que me parece ser usada com maestria pelos sábios, é o tempo. Ele muda contextos, transforma os cenários e muitas vezes age por si só. Nos resta seguir lutando, avançando, descobrindo, acreditando, amando, tentando, criando, batalhando e nos reinventando.

“Não desista agora, tudo tem sua hora.”
Falamansa