Rascunho do Tai

Clichê.

“Você pode conquistar o que você quiser, ser tudo o que você quiser, desde que faça por merecer.”

Todo mundo já ouviu alguma frase parecida com essa, já invejou a audácia de Jay Gatsby ou torceu para que o Rocky se levantasse após mais um punch sofrido. Afinal, como prega o American Dream, todos somos iguais e qualquer um pode alcançar o sucesso por meio de trabalho duro, desde que “aguente apanhar mas continue seguindo em frente”.

Mas será que as pessoas do mundo real, em geral, acreditam nisso? Você acredita nisso?

As crianças acreditam piamente. “Elas tem o direito de sonhar”, dizem. Os anos vão calejando o imaginário. “Deixe de ser ingênuo”, ouve o jovem adulto. As dificuldades fortalecem a inércia. “É pura ilusão. É para poucos. Não era pra acontecer”, junta-se ao coro o [agora] experiente.

Me recuso a acreditar no determinismo, por razões óbvias [para mim]. Um atleta de ponta treinou por milhares de horas, passou pouquíssimo tempo com sua família e privou-se, por anos, de confortos que muitos de nós não conseguem abandonar por poucos dias: pagou caro pelo que conquistou. O político (corrupto ou não) passou milhares de horas lidando com uma série de pessoas intragáveis, liderando outras por quem não tinha apreço algum e talvez tenha até traído os próprios princípios pensando em um bem-maior: tudo tem um preço.

Estamos propensos a criticar aqueles que chegaram lá, criando desculpas para nós mesmos. Eles sempre tinham melhores condições: eram mais ricos, dotados de um biotipo melhor, frequentaram a melhor escola, tinham melhores contatos, tiveram uma uma ideia melhor, estavam no lugar certo e na hora certa… e por aí vai. Balela!

Apontar o “porque não” é muito fácil! Em vez disso, todos nós podemos conquistar grandes vitórias no “micro” mundo em que vivemos e tratar de fazer com que esse mundo cresça cada vez mais. Para isso acontecer, dizem ser fundamental o clichê: “amor pelo que se faz”. Concordo, mas não para que você acorde todo dia sorrindo para o sol, as flores e os passarinhos. Longe disso. É necessário porque essa tarefa vai ser tão árdua, tão desgastante, e você vai ter que se reinventar tantas vezes e criar tantas maneiras de chegar lá, duvidando até de si mesmo em certos pontos, que apenas vivendo esse clichê e mantendo os olhos fixos no objetivo, você será capaz de conquistá-lo.

Você vai chegar lá. Tome isso como um fato. Você só vai chegar lá com pessoas ao seu lado. Tome isso como outro fato. Família, amigos (os de verdade), Deus. Primeiro, pois só com eles você vai aguentar o fardo da jornada. Segundo, que sem eles, com quem você vai compartilhar a felicidade de quando chegar lá?

É o começo da minha jornada, mas é como sinto que ela vai ser. Posso estar carregando por tempo demais a ingenuidade da minha juventude, mas espero, sinceramente, que ela não se vá.