Rascunho do Tai

Lizzy.

Bruce convivia com ela. Se o sentimento existia, ele estava guardado, não havia florescido. Até que um dia, um amigo perguntou de quem era aquela mensagem e ele se percebeu falando “que era de uma garota pela qual ele era apaixonadasso”. Que loucura! Isso só saiu, ele nunca tinha pensado dessa forma, sabe?
Daí, veio de dentro uma vontade de se expôr e se entregar, mesmo que isso já tivesse machucado outras vezes, pareceu o momento exato. Pareceu certo.
Ele estava vindo de uma semana que teria um fechamento difícil, depois de meses difíceis, depois um ano difícil e de muitas mudanças. Mas era uma semana que traria, senão uma, duas conquistas que seriam marcos em sua vida.
Antes, um pouco do momento que o levou até ali, até ela. Numa conversa no dia anterior, ele tinha sentido nas palavras de outras pessoas mas também no enrijecer de seu trapézio que sua jornada seria ainda mais difícil do que tinha visto até aqui.
Ele não tinha medo, pelo contrário. Ele se achava forte o suficiente pra enfrentar as batalhas, representando outros que não podiam estar ali. Mas na conversa ele percebeu algo mais importante, que não tinha. A sua própria família, sua própria base, o complemento do seu porquê.
E nesse mesmo dia ela apareceu. Como já tinha aparecido em outros dias.
Tinha graça, humor, uma pitada doce de desdém (daquele que não faz nenhum mal além de levantar risadas do ouvinte) e uma coisa que ele não encontrava com facilidade nas pessoas: sinceridade absoluta. Ela não tinha papas na língua! E se abria com ele como uma criança se expõe ao mundo, sem medo de julgamentos, sem defesa, apenas verdade. Apesar de ainda não ter se dado conta, ele adorava isso.
Ela analisava situações, se adaptava e reagia de maneira objetiva à cada uma delas. Dava risadas adoráveis e, no segundo seguinte, fazia críticas pontuais e quase sempre inteligentes. Intercalava os caprichos de uma criança com a postura dura de uma soberana. Era esforçada. Se dedicava de corpo e alma para coisas que ainda não sabia muito bem quais eram, mas que estava disposta a descobrir. Era justa, honrada, amiga, fiel. Ela era forte demais, mas parecia não saber ou acreditar nisso. Ele sabia, e era capaz de fazer de tudo pra ajudá-la a tornar-se melhor, não para ele, mas o melhor que ela pudesse ser.
E naquele dia, ele estava diferente. É como se, no dia anterior, ele tivesse dado um passo na jornada da sua vida e, ao parar para respirar, viu as coisas de maneira mais clara. Viu ela. E se jogou, num movimento com chances mínimas de sucesso, ele se jogou. Mas ela estava lá, contra as possibilidades, preparada para segurá-lo e, com o grau certo de normalidade – coisa que claramente faltava nele -, acalmá-lo e conversar com naturalidade sobre como poderia ser o depois.

O depois ainda estava por vir – podia até mesmo nunca chegar -, mas Bruce estava feliz. Parecia que num mar de incertezas, ele tinha encontrado uma constante.