Rascunho do Tai

Me formei, e agora?

Este é um resumo de uma palestra que montei para compartilhar, com universitários, minhas experiências sobre meu período de transição entre a posição de estudante na academia e a de empreendedor na Mobieve.

Sobre mim

Me chamo Tainan Fidelis e fundei a Mobieve. Somos uma empresa de tecnologia que atua no mercado de eventos e entretenimento. A empresa foi fundada em 2014.

Por que decidi empreender?

Foi uma oportunidade combinada com uma necessidade (minha e do mercado), mas vou explicar melhor.

Me formei em 2013 e no início do ano de 2014 estava procurando uma vaga de emprego como desenvolvedor. Durante a busca pega vaga, aceitei um trabalho temporário ou melhor, uma prestação de serviço com um organizador de eventos em Maringá.

Minha “primeira cliente” buscava uma solução simples para aumentar a sua produtividade. Porém, ao me aprofundar e estudar melhor o setor, descobri que era um mercado gigante (movimenta mais de R$200bi por ano no Brasil) e com poucas soluções para os organizadores (ou produtores) de eventos, peça chave desse mercado.

Foi quando, em meados de 2014, parei a busca por um emprego e decidi formalizar a abertura da Mobieve. Em resumo, foi isso!

Quais dificuldades encontrei no início do negócio?

Nossa… foram muitas. Gosto bastante de compartilhar o que vivi nos primeiros dois anos da empresa pois creio que trata-se do grande teste. Entenda, depois desse período as coisas continuam ou ficam até mais difíceis, mas você já tem uma ideia de como lidar. Nos primeiros anos não, as dificuldades parecem mais intensas e emocionais.

Bom, as principais dificuldades foram essas três:

1) Insegurança

O início do empreendimento é bem difícil pois você não tem certeza de absolutamente nada.

Meus amigos próximos sairam da faculdade para ganhar cerca de 5 salários mínimos. Após fundada a empresa, eu trabalhei por 9 meses até receber os primeiros R$200,00 do primeiro cliente formal, entende?

Enquanto isso, você está se comparando constantemente com outros, sua família passa a acreditar menos em você, sugere opções mais seguras. Seus amigos passam a sentir pena de você, não de maneira explícita, é claro.

Basicamente, você conta apenas com a fé de que as coisas vão dar certo e isso é complicadíssimo.

2) Cultura

Especificamente no Brasil, ainda estamos melhorando como comunidade e como país, porém a grande maioria de nós ainda é bem conservadora.

Não testamos coisas novas a não ser quando já foram validadas por milhares de pessoas. Também não damos muito valor aos pequenos empreendedores locais em detrimento de grandes marcas conhecidas.

Isso é uma dificuldade latente no início do negócio. Nesse momento, os fundadores têm que provar que conseguem ajudar as pessoas sem ter clientes anteriores que os validem, que dêem depoimentos. O empresário só tem sua própria palavra.

Os clientes potenciais precisam acreditar em você e entregar o suado dinheiro deles em uma aposta arriscada. É compreensível, mas não deixa de ser uma grande dificuldade para o negócio iniciante.

3) Fracassos

Por último, quando há um contexto de alto nível de insegurança e um ambiente desfavorável o empreendedor é carente de vitórias, mesmo que pequenas.

A vida, porém, não é tão linear quanto esperamos. Muitas às vezes, entrega vários fracassos em vez disso. As derrotas minam a confiança do empreendedor iniciante.

Por exemplo, em 2014 eu trabalhei na criação do produto por cerca de 6 meses, forma que depois aprendi não ser a mais eficiente. Quando fui fazer vendas, em 50 tentativas eu consegui zero êxitos, zero contratações.

Eu passei o reveillon tendo trabalhado por 12 meses no projeto e apenas gastado tempo e dinheiro. Não havia nada para comemorar. Esse tipo de cenário tem o potencial de destruir sua fé.

Mas nesses momentos a persistência e confiança em si mesmo e nas suas hipóteses devem guiar o empreendedor avante.

O que fiz para superar os obstáculos nos primeiros anos?

Como disse acima, persistência é uma palavra fundamental.

Eu pensei assim: tem grana no mercado, as tarefas são complexas e os caras não têm ferramentas que os ajudem, o que está diminuindo a produtividade dos meus clientes. Ou seja, levantei fatos irrefutáveis.

Então, o problema tinha que estar em mim, no produto que eu estava oferecendo, na forma que estava me comunicando ou em como estava precificando os serviços.

Minhas reações sempre foram, e ainda são, levantar hipóteses internamente, conversar com o mundo exterior (clientes e possíveis clientes) visando validar as hipóteses e trabalhar pra corrigir o que for necessário (Plan, Do, Check, Act).

Se você está partindo de fatos concretos para criar uma empresa e os resultados não estão aparecendo, o problema está em você, não tem outra possibilidade. Trata-se de assumir a responsabilidade e o protagonismo.

Em paralelo, busquei sempre aumentar meu conhecimento lendo livros práticos, teóricos e biografias de caras inspiradores. Isso me motivava a buscar superar cada desafio.

Quais ações temos feito para nos manter no mercado?

Na minha visão, o que garante uma empresa no mercado é estar alinhada com a demanda (presente e futura) do meio em que está inserida.

Nós temos buscado cada vez mais entender profundamente não só o nosso consumidor direto, mas todos os atores envolvidos no nosso setor. Com essa visão, conseguimos arquitetar soluções que melhorem a vida deles hoje, mas também no futuro que estamos esperando.

É uma combinação de manter a excelência no que você entrega atualmente e agir pensando nos próximos anos, prevendo como seu mercado deve se transformar até lá.

Qual conselho dou para quem quer empreender?

Olha, até me arrepia falar sobre isso porque enxergo o empreendedorismo como uma ferramenta com um poder transformador gigantesco. Meus humildes conselhos seriam os seguintes:

1) Sonhe grande

Sonhe grande, mas muito grande mesmo. Nós brasileiros somos muito criativos e especiais. Temos uma combinação de habilidades rara em outros povos. Nós podemos ser e fazer muito mais por todo o mundo.

Pense em bilhões, pense em transformar o mundo, você pode. Como diz o Jorge Paulo Lemann: “Pensar pequeno e pensar grande dá o mesmo trabalho”.

2) Hussle

Irmão, você não percebeu que você é o único representante do seu sonho na face da Terra? Se isso não fizer você correr, chapa, eu não sei o que vai.
Emicida

Batalhe, sangre, dê tudo. A diferença entre você e o seu concorrente é uma soma de quem toma decisões mais inteligentes com quem entrega mais horas para aquele objetivo. Utilizar muito bem o seu tempo é uma parte essencial dessa jornada. As horas do seu dia são o seu principal bem, e um que não conseguimos recuperar.

3) Domine o seu ofício

Você deveria ser o mestre, o especialista, a referência, dominar a arte do que você faz.

A absorção de conhecimento pode ser feita de várias formas, como:

Esse acúmulo de conhecimento é essencial para a ação, pois você terá um arsenal de modelos mentais nos quais poderá encaixar os problemas e eventuais soluções que a jornada eventualmente irá te exigir.

Seguimos…

É isso, espero que tenha lhe ajudado contando resumidamente o início da minha jornada empreendedora.

P.S.: Pretendo melhorar este resumo nas próximas versões.